Emoções Vivas

“Os sentimentos representam ações que acontecem no nosso interior, bem como, as suas consequeÌ‚ncias”
Damásio, 2020
Quem sou eu



Sou Cristina, tenho 51anos, estou SATISFEITA e ORGULHOSA com o que fiz destes anos de vida.
Minha criança foi muito CRIATIVA, cresci nos anos 70 e 80, aproveitei pátio, brinquei na rua, subi em árvore. Apesar da falta de condições financeiras, tive pais presentes que acompanharam de perto meu crescimento, tive uma infância FELIZ. Também tive uma infância pobre, mas comida na mesa nunca faltou, nem alegria e brincadeira. Entrei na escola direto na primeira série, meus pais não puderam estudar muito, por isso incentivaram que estudássemos.
Minha adolescência foi cheia de sentimentos, TRISTEZA, MEDO, RAIVA e também ALEGRIA, amigas, escola, música, "agendas gordas". Por causa da questão financeira, comecei a trabalhar muito cedo, com 15 anos e esta é uma parte importante da minha vida, a realização profissional, cheia de PREOCUPAÇÃO e ANSIEDADE.
Minha adultez é marcada por partes importantes, o trabalho, o casamento, a maternidade, a realização profissional através da psicologia.​ Enquanto estava cursando a faculdade, casei com Leonardo e tive meu filho. Os dois são os AMORES da minha vida. Frederico nasceu com alguns probleminhas de saúde e necessitou de todo o meu cuidado, carinho e amor. Hoje é um adolescente de dezessete anos, vivenciando esta fase com todas as emoções pertinentes.






Dinâmica: A Caixa das Emoções
Objetivo:
Promover o reconhecimento, a expressão e o diálogo sobre emoções em um ambiente seguro, lúdico e reflexivo, favorecendo o autoconhecimento emocional e a empatia entre os participantes.
Público-alvo:
Crianças com idades entre 6 e 7 anos.
Grupo de 15 participantes.
Duração:
Aproximadamente 40 a 50 minutos.
Materiais necessários:
Uma “caixa das emoções” (pode ser uma caixa decorada ou uma sacola colorida),
Cartas, figuras ou impressões representando situações ou rostos com expressões de: alegria, tristeza, vergonha, medo, raiva, podem ser usados trechos curtos de músicas ou histórias ilustradas que expressem essas emoções. Folhas e lápis de cor. Cartaz ou quadro para anotar palavras-chave.
Passo 1. Acolhimento (5 min): O facilitador convida o grupo a sentar em círculo e explica que irão conversar e brincar sobre emoções que todos sentimos, sem certo ou errado. “Hoje vamos descobrir juntos como é sentir alegria, tristeza, vergonha, medo, raiva e o que podemos fazer com tudo isso!”
Passo 2. Escolha da emoção (10 min)Cada participante retira da Caixa das Emoções uma carta ou imagem relacionada a uma das emoções-chave. Após observar o conteúdo, o facilitador pergunta: "O que vocês acham que essa imagem ou história quer mostrar? Que emoção aparece aqui? Em que situações vocês já sentiram algo parecido?" (O objetivo é estimular a identificação e nomeação da emoção.)
Passo 3. Expressando o sentimento (15 min)As crianças são convidadas a desenhar ou mencionar uma situação real ou imaginada em que sentiram a emoção sorteada. O facilitador pode circular, ajudando com perguntas: “Onde você sente essa emoção no corpo?”, "O que você faz quando sente isso?”, “Tem algo que ajuda a passar?”
Passo 4: Partilha em grupo (10 min)Cada um, se quiser, mostra o desenho ou fala brevemente sobre sua emoção.O grupo é incentivado a escutar sem julgar. O facilitador reforça que todas as emoções são importantes e fazem parte da vida.
Passo 5: Fechamento e reflexão (5 a 10 min) O grupo reflete junto: O que aprendemos sobre as emoções hoje? Qual emoção foi mais fácil de falar? E a mais difícil? O que podemos fazer quando sentimos algo muito forte? Finaliza-se com uma música alegre e tranquila para devolver leveza e conexão ao grupo.
Fundamentação teórica
A atividade se apoia em princípios da Educação Emocional e da Psicologia do Desenvolvimento, favorecendo o reconhecimento das emoções como instrumentos de comunicação e regulação (Vygotsky; Wallon). Estimula o pensamento reflexivo e empático, essencial na formação de vínculos saudáveis. Contribui para a prevenção de comportamentos impulsivos e o fortalecimento do autocontrole.
Educar para o autocontrole é educar para a vida emocional, social e cognitiva. A educação que considera a dimensão afetiva do sujeito vai além da transmissão de conteúdos: ela prepara o indivíduo para lidar com as próprias emoções, compreender as dos outros e agir de forma ética e equilibrada nas situações cotidianas. As emoções não são um obstáculo à razão, mas um componente essencial para o pensamento, para a aprendizagem e para a constituição do sujeito.
Os sentimentos e as emoções estão na base da consciência e da tomada de decisões. O autor explica que o cérebro não opera isolado da vida emocional — é através das emoções que avaliamos o mundo, nos adaptamos e aprendemos. A emoção, portanto, é um processo biológico e social, responsável por orientar o comportamento e favorecer a aprendizagem significativa. Nesse sentido, educar para o autocontrole é também desenvolver a capacidade de autorregulação emocional, condição fundamental para o aprender, pois um aluno que compreende e regula seus afetos é mais capaz de persistir diante dos desafios cognitivos (Damásio, 2017; 2020).
A neuropsicologia contemporânea reconhece que as emoções têm funções adaptativas, permitindo ao indivíduo responder adequadamente às demandas do meio. Quando a escola ajuda a criança a reconhecer, nomear e refletir sobre suas emoções, ela está contribuindo para a formação de uma mente mais integrada e resiliente. Assim, o autocontrole não significa reprimir o sentir, mas transformar a emoção em instrumento de crescimento — em ponte entre o sentir e o pensar (Semper, 2019).
Bion (1979), por sua vez, ao tratar da função continente da mente, sugere que o pensamento nasce justamente da capacidade de conter e simbolizar emoções intensas. A aprendizagem emocional depende da presença de um outro — o educador, o cuidador — que acolhe e dá forma às experiências afetivas, transformando o caos emocional em pensamento elaborado. A importância das relações de qualidade e do vínculo afetivo no desenvolvimento psíquico é prioritária, a aprendizagem só ocorre quando há um ambiente relacional seguro e empático, onde o sujeito se sente reconhecido (Matos, 2019).
Nesse contexto, a educação para o autocontrole emerge como processo relacional e experiencial. Promover competências sociais e emocionais nas crianças não é apenas ensinar regras de convivência, mas favorecer o desenvolvimento de empatia, assertividade, cooperação e regulação emocional. Essas competências são indispensáveis para a aprendizagem e para a convivência ética, pois estruturam a base das relações humanas e das funções executivas (Webster-Stratton, 2017).
O cérebro aprende e se reorganiza a partir da interação com o outro e com o ambiente. Assim, cada situação de vida — seja de frustração, medo, alegria ou culpa — oferece oportunidades de aprendizagem emocional e cognitiva. A escola, ao reconhecer o valor dessas experiências, contribui para o desenvolvimento de funções adaptativas, permitindo que o aluno transforme desafios em oportunidades de crescimento (Barree, 2022).
O cérebro é, por natureza, um órgão social. Nascemos programados para o vínculo, para o reconhecimento e para o afeto. Essa dimensão social das emoções torna a educação um espaço privilegiado de construção de humanidade. Educar o autocontrole é, nesse sentido, educar a convivência, é possibilitar que o sujeito aprenda a estar com o outro e a se reconhecer nas trocas afetivas e cognitivas (Vasconcelos, 2017).
A lentidão, a escuta e a reflexão são caminhos necessários para esse tipo de educação. Numa sociedade acelerada, que exige respostas rápidas e eficiência, educar para o autocontrole e para o sentir é quase um ato de resistência: é devolver ao sujeito o tempo de pensar sobre o que sente, de elaborar e de escolher como agir (Milheiro, 2020).
Assim sendo, podemos entender que a educação que integra as dimensões emocional, cognitiva e social forma sujeitos mais autônomos, empáticos e conscientes. O autocontrole não é o fim em si mesmo, mas o caminho para o autoconhecimento e para o agir ético. Ele permite que o indivíduo transforme as emoções em recursos de adaptação e aprendizagem — um processo em que a emoção deixa de ser um impulso a ser contido e se torna uma força a ser compreendida, simbolizada e colocada a serviço da vida e da convivência.
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Referências
Colizzi, M., Lasalvia, A., & Ruggeri, M. (2020). Prevenção e intervenção precoce em saúde mental juvenil: é hora de um modelo multidisciplinar e transdiagnóstico de cuidado? International Journal of Mental Health Systems, 14(23). https://doi.org/10.1186/s13033-020-00356-9​
Vygotsky, L. S. (1998). A formação social da mente: O desenvolvimento dos processos psicológicos superiores (6ª ed.). São Paulo: Martins Fontes.
Wallon, H. (1975). A evolução psicológica da criança. Lisboa: Edições 70.
Wallon, H. (1942/1995). As origens do caráter na criança: Os primeiros desenvolvimentos da criança e a formação do caráter. Lisboa: Edições 70.
Damásio, A. (2000). O mistério da consciência: Do corpo e das emoções ao conhecimento de si. São Paulo: Companhia das Letras.
Goleman, D. (2012). Inteligência emocional: A teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. Rio de Janeiro: Objetiva.
Piaget, J. (1994). O juízo moral na criança (5ª ed.). São Paulo: Summus.
Vygotsky, L. S. (1998). A formação social da mente: O desenvolvimento dos processos psicológicos superiores (6ª ed.). São Paulo: Martins Fontes.
Wallon, H. (1995). As origens do caráter na criança: Os primeiros desenvolvimentos da criança e a formação do caráter. Lisboa: Edições 70.
